Nova Zelândia de bicicleta, parte 1 – Ilha Sul. Um país de belas paisagens, rios cristalinos, fauna e flora peculiares e o playground das camper vans e motor homes. (For other languages, please use the internet or browser translator)

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Depois do Sudeste Asiático voamos para um novo continente, a Oceania. Havíamos pensado em visitar a Australia, inclusive a Tasmânia e posteriormente a Nova Zelândia, porém acabamos mudando de ideia com o passar da viagem. A Australia exigia na época desta postagem o valor de 145 dólares australianos por pessoa para emitir o visto de turismo, além disso, como estávamos vindo do Sudeste Asiático, teríamos que fazer um exame médico prévio para comprovar nossa sanidade. Com tudo isso o valor total seria de quase 550 AUD, um valor alto para o nosso orçamento apertado, além da necessidade de comprar outros vôos para a Nova Zelândia. Como não dá pra ter tudo, ainda mais numa viagem mais longa com orçamento mais controlado, optamos por visitar apenas 1 país na Oceania e a Nova Zelândia foi a melhor opção para nosso caso, o país é menor e apresenta grande diversidade de clima, fauna, relevo e cultura em um espaço menor a ser percorrido. Compramos então a passagem de Kuala Lumpur a Christchurch e também a passagem de saída do país (Auckland para San Francisco, USA) que é exigida antes da entrada no país para o caso de vistos de turismo/visitantes. Pagamos a taxa de 47 NZD por pessoa para entrar na Nova Zelândia e que é utilizada para manter o Departamento de Conservação (NZeta).

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Percorremos um total de cerca de 2200 km no país, conhecendo bem as duas ilhas, que são muito diferentes entre sí em vários aspectos. A Nova Zelândia nos surpreendeu pelas belas paisagens e boa infra-estrutura para o turismo. Foi o país mais caro de nossa viagem até o momento, mesmo porque acampar selvagem era proibido e somente permitido em algumas áreas regulamentadas e a maioria delas para veículos self-contained, o que não englobava acampar com barracas, como é o nosso caso. Neste post vamos contar como foram nossas aventuras pelas lindas paisagens da ilha sul, o trecho 1, com cerca de 1380 km pedalados nesta ilha.

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Kia Ora, Oi Nova Zelândia.
Depois muitas horas de vôo, com escala na China, chegamos no aeroporto internacional de Christchurch na Nova Zelândia. E ficamos mais felizes ainda recebendo nossas baggagens intactas.

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Recepcionados por amigos.
Nossa chegada na Nova Zelândia foi especial, há muito tempo esperamos para conhecer os queridos Felippe e Mariana (@pedaispelomundo ), ciclo viajantes brasileiros que percorreram muitos países em comum conosco, porém nunca havia dado certo de nos encontrarmos pessoalmente. Mas desta vez o encontro aconteceu finalmente! Eles vieram nos recepcionar no aeroporto de Christchurch e de lá nos levaram de carro até a cidade onde vivem atualmente no país, Reefton. Desde o começo do encontro foi aquela alegria e festa 😊.

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No caminho para a pequenina cidade de Reefton já pudemos observar as belas paisagens que nos esperavam.

A pequenina e pitoresca Reefton.
Passamos natal e ano novo na cidade de Reefton. Lá pudemos mergulhar de cabeça no estilo de vida típico do interior da Nova Zelândia. A cidadezinha parece daqueles filmes antigos, conservando muitas de suas construções da época das descobertas de minas de carvão e ouro na região. Com seus menos de 1000 habitantes, a cidade é muito tranquila e com uma bonita paisagem ao redor. O rio Inangahua margeia a cidade e há várias áreas para passeio e picnic às suas margens. O comercio fecha cedo e a cidade parece morrer a noite, o único som quando escurece é o dos ventos na rua, alias, a rua principal é uma continuação da rodovia que corta a cidade. Nossos amigos estavam morando por uns dias em uma casa grande e bonita que ficava em frente a um camping dentro da cidade, o camping estava cheio na semana entre o natal e ano novo, mas mesmo assim durante a noite ele seguia o estilo da cidade e ficava tudo muito silencioso. Nossos amigos, Felippe e Mariana, travalhavam num hotel chamada Dawsons e as vezes quando sobrava algo apetitoso da cozinha, eles traziam uns presentes para casa hehehe. Nossa semana neste pequeno povoado foi muito tranquilo e ótimo para recarregar as energias e eu me recuperar de uma gripe forte que começou logo após chegar ao país.

Foram dias divertidos e inesquecíveis hospedados pelos queridos amigos Felippe e Mariana (@pedaispelomundo), conhecemos também outro casal de cicloviajantes brasileiros que chegaram para o ano novo, os divertidos e engraçados Aluíno e Karina ( @twobiketravel ) e o hospitaleiro e generoso casal de brasileiros Kleber e Lu que também vivem na cidade com seu filho, o fofíssimo Kalú. Foram dias de muitas risadas, boa conversa, comilança, cervejinhas e festa. Foi bom demais!!! Saudades de todos meus queridos!! O natal foi a maior festa, com direito a churrasco a moda brasileira, musica e muitas risadas.

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Na semana entre o Natal e Ano Novo aproveitei para remontar a bicicleta e instalar as peças novas que havia comprado pela internet enquanto estávamos na Malásia e que foram entregues na casa dos nossos anfitriões.

Corrida de cavalos.
Entre o natal e ano novo tivemos a sorte de presenciar uma corrida de cavalos na cidade de Reefton. O ingresso foi de 5 dolares neo zelandeses por pessoa. Além da corrida, havia musica ao vivo, comidas e concurso de roupas mais elegantes, foi divertido.

Nossa festa de ano novo foi animada. Passamos na casa de outro casal de brasileiros que conhecemos na cidade de Reefton, o Kleber e a Lu, acompanhados dos queridos Felippe e Mariana ( @pedaispelomundo ) e dos divertidos ciclo viajantes Aluino e Karina (@twobiketravel ). A cidade é bem pequenina e por cerca de 30 minutos após a virada do ano, uma bandinha tocou algumas músicas no único posto de gasolina da cidade.

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E assim começou nossa viagem de bicicleta por terras neo-zelandesas, com despedida. Nos despedimos dos queridos amigos Felippe, Mariana, Kleber e Lu e partimos para nossas pedaladas acompanhados do casal de brasileiros Aluíno e Karina (@twobiketravel ). Obrigado amigos pela ajuda e acolhimento.

Viajamos pela Nova Zelândia na alta temporada (verão), a época em que o país está cheio de turistas por todos os lados e os preços ficam ainda mais altos por aqui. Acampar selvagem não existe oficialmente no país e eles tem um nome especial para isto, chamam de Freedom Camping, que na verdade não é tão “freedom” assim, afinal de contas tudo é regulamentado e você só pode acampar livremente nas áreas pré-estabelecidas ou algumas áreas do departamento de conservação onde não há sinalização que proíba acampar (raridade). Principalmente na alta temporada tudo é mais controlado e vigiado (tanto pelos “rangers” quanto pela própria população) e a multa em média é de 200 dólares neo zelandeses por pessoa para quem for pego acampando livremente de maneira ilegal. No nosso caso não somos um veículo “self-contained”, ou seja não levamos um banheiro conosco e as áreas de Freedom Camping para barracas são mais escassas ainda, principalmente na ilha sul. Por isso temos que nos programar bem para traçarmos nossa rota e não falirmos, hehehe, os preços dos campings variam de 8 NZD até 30 NZD por pessoa a depender do local. Neste dia acampamos em um camping anexo a um café e o valor foi de 12 NZD por pessoa, o lugar tinha uma vista bonita da região e ainda demos um mergulho em um rio ao lado (que água gelada!!!).

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Quando vc entra na água achando que sua @gopro hero5 seria a prova d’água e na verdade é só na propaganda. A solução foi mergulha-la no saco de arroz e esperar que os “pequenos chineses que vivem no arroz” consertem a câmera enquanto dormimos hehehehe…

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Yes Camping!.. but not exactly.. Então, como mencionamos anteriormente este é um exemplo do que tem se tornado mais comum no país, as áreas existentes de Freedom Camping têm se tornado cada vez mais restritas aos veículos que possuam banheiro, inclusive em áreas onde há banheiros, por mais paradoxal que isto pareça. Infelizmente para quem acampa com barraca como nós, fica cada vez mais difícil acampar de maneira livre em terras kiwis.
Razões: – Excessivo número de camper vans e motor homes?
– Turistas bagunceiros?
– Lobby dos donos de campings e moteis?
– Capitalismo selvagem?
– Todas as alternativas?
Na verdade não sabemos, mas foi algo que não esperávamos.

O clima neste dia estava um pouco nublado, mas como não choveu pudemos aproveitar bem o pedal e curtir muita natureza ao redor, na companhia dos amigos cicloviajantes Aluíno e Karina. No final da tarde chegamos a um local de camping que havíamos visto pelo GPS, próximo ao vilarejo de CHarleston, Jacks Gasthof Cafe and Camping.

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Bandeiras do Brasil tremulando juntas na West Coast.
Chegamos a bela e esperada West Coast da ilha sul neo-zelandesa, mas infelizmente não tivemos tanta sorte com o clima, que ficou chuvoso e frio, formando uma neblina que cobria a maioria da paisagem praiana. Mas mesmo assim a Flavinha e Karina mantinham o sorriso no rosto, hehehe… já eu (Thiago) reclamava feito um velho hahaha… eu queria tanto o sol e calor de volta.

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Salvos pela feirinha.
No sentido de Punakaiki estávamos com bastante fome, chovia e fazia frio e a cidade ainda estava longe, por sorte passamos por um lugar onde havia uma pequena feira ao lado da estrada todos os sábados e era sábado! Yupi! Paramos, nos escondemos da chuva e ainda conseguimos comprar um lanchinho para enganarmos a fome.

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Weka, a “galinha” ladrona de comida.
Tem uma ave que é um tipo de galinha neo-zelandesa, muito curiosa e que adora roubar comidas dos turistas, pena que fomos descobrir isto tarde demais hehehe.
Neste dia, junto com os amigos Aluino e Karina (@twobiketravel ) chegamos a uma área de camping e a idéia seria preparar Cuscuz para o jantar, eles deixaram a caixa do lado de fora enquanto montávamos acampamente e de repente a caixa sumiu e no meio dos arbustos era possível ouvir barulhos como de alguma coisa furando a caixa. A Karina pulou uma cerca e se meteu no meio do mato mas já era tarde demais, as Wekas tem um bico longo afiado e arrebentaram a caixa para comer todo o Cuscuz. Aprendemos mais uma lição em terras neo-zelandesas e jantamos arroz.

A “tenda”. Encontramos um camping por 10 NZD por pessoa após a cidade de Punakaiki. Boa parte dos campings no país são mais dedicados aos motor homes e camper vans do que barracas e algumas vezes se parecem apenas com grandes estacionamentos, sem árvores e com uma área gramada com mesas, como neste dia. Estava chovendo e no lugar não existia nada coberto, apenas um banheiro. Graças a lona que o casal do @twobiketravel leva, conseguimos improvisar uma tenda e ficarmos ali escondidos da chuva e conversando. O dono do camping apareceu mais tarde para cobrar e explicamos que uma área coberta seria interessante para os campistas que tem apenas a barraca, ele disse que iria pensar no assunto. Quando acampamos de maneira livre não damos muita importância, mas pagando 10 NZD por pessoa a situação muda.

Na cidade de Greymouth fomos recebidos pelo Mr MacDonald. Ele faz parte da comunidade warmshowers.org e já hospedou vários ciclo viajantes. Ele competiu em provas tipo Audax, mas atualmente se dedica mais a viajar em bicicletas recumbentes. Ele tem uma garagem na casa dele que é um pedaço do paraíso para qualquer cicloviajante, uma oficina completa de bicicletas. Ele nos presenteou com uma nova roldana que deixou o tensor de corrente super macio e silencioso. No começo ele estava mais tímido, mas depois que começamos a falar umas bobeiras ele ficou mais a vontade.

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Um até breve aos amigos cicloviajantes. Na cidade de Greymouth nos despedimos dos amigos Aluíno e Karina ( @twobiketravel ), com quem viajamos por alguns dias em terras neo zelandesas e podemos garantir que foi divertido viajar com estes dois. Eles são engraçados, divertidos e com uma energia muito boa. Muito obrigado meus amigos pela companhia e os bons ventos nos levem a revê-los. Eles seguem agora pelo Sudeste Asiático e nós ainda temos muito que conhecer por aqui antes de nossa partida rumo ao continente Norte Americano.

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O país tem algumas trilhas de bicicleta que passam por lugares muito bonitos, por vezes cênicos e em meio a natureza. O bom é que algumas destas trilhas nos conectam com lugares por onde queremos passar e é possível fazer com bicicletas com bagagem. Depois de Greymouth pegamos uma rota chamada Wilderness Trail e adoramos, além de ser uma rota exclusiva para bicicletas e caminhantes, ela passa em meio a natureza. Seguir por estas rotas deixam o caminho mais longo, mas vale a pena. Existe a possibilidade de acampar em lugares pré-estabelecidos pelo caminho (DOC camping ou campings privados), acampar de maneira selvagem é proibida em muitos pontos.

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DOC camping na Nova Zelandia. Como funcionam?
Os campings do Departamento de Conservação da Nova Zelândia, são lugares oficiais do governo onde é possível acampar legalmente, inclusive com barracas. Os preços variam de 8 a 15 NZD por pessoa dependendo da localização e facilidades presentes. Normalmente buscamos os mais baratos, todos eles possuem banheiros, pias e não tem chuveiros. O pagamento conta com a honestidade dos usuários e é feito preenchendo uma ficha que é colocada junto com o dinheiro em uma urna de metal. Neste dia paramos em um DOC próximo a Wilderness Trail, chamado Goldsborough. Pagamos o total de 16 NZD e passamos uma noite bem tranquila por lá, no outro dia pela manhã ainda deixamos nossas coisas por lá e fomos fazer uma trilha enquanto nossa barraca secava. Durante a temporada, principalmente, os fiscais costumam aparecer para checar se as pessoas estão pagando, a fiscal veio no outro dia bem cedo e vimos um turista com sua família passando vergonha tentando explicar para a fiscal porque não havia pago, ele estava quase terminando de desmontar a barraca quando a fiscal chegou, mas não conseguiu escapar.

A natureza é exuberante na Nova Zelândia e na ilha sul, mais especificamente na região da West Coast ela é bem particular. A mata é fechada e com solo bem úmido. Tudo tem um verde vivo que recobre pedras, chão e cascas de árvores, cada plantinha com seus detalhes e beleza especial. Esta trilha fizemos na manhã antes de partirmos do Goldsborough DOC camping, já próximos a Hokitika.

“O cientista”
Na cidade de Hokitika fomos hospedados pelo simpático e falante Sr Kevin. Ele é um cientista aposentado que durante sua juventude fez muitas trilhas ou “tramping” como chamam por aqui. Ele ficou todo contente em nos receber e nós também em conhecê-lo. Passamos 2 noites na casa dele, o suficiente para descansarmos, conhecermos a cidade, conversarmos bastante com ele e preparamos umas comidas gostosas. Ele gostava bastante de conversar e assunto não faltou, aprendemos desde assuntos políticos da Nova Zelândia até cabeamento digital submarino, hehehe…

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Alianças Neo-Zelandesas. Pounamu é o termo pelo qual são chamadas algumas rochas e minerais como jade nefrita, bowenite, e serpentinito. Duras e altamente valorizadas, são encontradas no sul da Nova Zelândia. Pounamu é termo na língua maori, a dos povos nativos do país. Essas rochas também são genericamente conhecidas como “greenstone”, em inglês neozelandês.
Eu havia perdido minha primeira aliança logo no começo da viagem e substitui por outra e a Flavinha ainda tinha a mesma. Passando pela cidade de Hokitika decidimos levar um pedaço da Nova Zelândia conosco e nos demos de presente alianças novas, que sempre nos lembrarão de nossa passagem por aqui.

A cidade de Hokitika é pequena, mas interessante para visitar, com uma bela praia e um centrinho comercial bem aconchegante.

Saímos de Hokitika e seguimos por mais um trecho da Wilderness trail, passamos também pelo belo lago Mahinapua, onde fizemos uma pausa para investigar um barulhinho misterioso na bicicleta, que muitas vezes eu não descubro de onde vem e do nada ele some… acho que a “Minhoca” faz isso só de sacanagem.

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A tarde chegamos a um pequeno camping privado, Pukekura camping, montamos nossa barraca e aproveitamos a mesa de picnic para tentar saciar nossa fome infindável.

“O caçador”
Próximo a pequena cidade de Hari Hari, fomos hospedados pelo simpático Sr Richard, que na ocasião estava na compania das suas filhas, com quem passeamos e a Flavinha jogou UNO com a caçula, hehehe.
Ele é um caçador e conhece muito sobre a Nova Zelândia, nos contando muitas histórias sobre o país. Os animais que ele caça ele consome durante o ano todo, caçando apenas o necessário para a alimentação deles. Ele nos salvou de duas noites chuvosas permitindo que dormíssemos em um trailer que tem estacionado em sua propriedade. Ele vive em uma área rural muito bonita e nos levou para conhecermos um pouco mais a região e fazermos uma trilha em meio a natureza. Pudemos ver como é e entender um pouco melhor sobre o modo de vida interiorano na ilha sul do país. Ele tem uma visão não comercial do Freedom Camping na Nova Zelândia e foi interessante debater este tema com ele, aprendemos bastante nestes dois dias chuvosos que ficamos na boa companhia desta simpática família.

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Malabares.
Richard, nosso anfitrião em Hari Hari, nos levou para conhecermos um amigo dele que vive de maneira bem simples e auto sustentável na zona rural. Chegando lá conhecemos também um senhor que faz malabares há muitos anos e tem muita habilidade. Passamos uma tarde divertida tentando aprender um pouco. Parece fácil olhando as pessoas jogando as bolinhas e pegando, mas quando fomos tentar percebemos que é difícil e requer muito treino. Imaginem este senhor que fazia com 5 ou 6 bolinhas ao mesmo tempo. A Flavinha aprendeu melhor que eu e gostou, depois disso quando acampamos ela procura umas pedras e fica treinando, hehehe… longe da barraca claro. Futuramente iríamos reencontrar este senhor da barba branca em outro local inusitado, prestem bem atenção nele…

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Koru (espiral). A folha jovem das “samambaias gigantes” enrolada em espiral, comum nas florestas da Nova Zelândia, é um símbolo muito importante para o povo Maori.
Eles chamam de Koru e representa o início da vida, crescimento e harmonia. Esta volta ao mundo de bicicleta para nós tem uma conexão muito grande com esta simbologia, afinal ela nos transformou e ensinou muito, é como se nascessemos novamente com ela e por causa dela.
Vamos voltar diferentes. Melhores? Não sabemos, mas diferentes com certeza.

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E assim as áreas de Freedom Camping foram diminuindo pelo país. Foto de um jornal de 2019, ilha sul da Nova Zelândia.

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A Nova Zelândia apresenta paisagens bonitas e muitas delas são montanhosas. Depois do vilarejo de Hari Hari, seguimos rumo a região dos glaciares mais famosos do país, Franz e Fox, mas claro que para chegar lá tem que subir, as estradas já começavam a mostrar o que nos esperava no horizonte.

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Azar.
Durante a viagem o azar algumas vezes acontece e pode vir em maré, como foi por alguns dias na Nova Zelândia. O resumo dos acontecimentos foi o seguinte: gripe forte, entrou água na GoPro, a outra máquina fotográfica quebrou, quebrou o pedal da Flavinha ( e a única salvação no meio do nada foi um cara que nos explorou vendendo um pedal velho por 40 NZD), passei por cima do meu celular e furou o isolante inflável (muitos furos, tivemos que comprar um novo). Tudo isto no país mais caro de nossa viagem até agora. Mas o horário mais frio é logo antes do amanhecer e a maré de azar passou. Conversamos com outros viajantes a respeito e muitos tiveram estas marés turbulentas que se seguiram de calmaria depois, o segredo é treinar a paciência e resiliência que o mar acalma, sem abandonar o navio.

O “salvador do dia”. Tivemos um dia difícil e a tarde estávamos tristes e desanimados sentados em uma mesinha de picnic pensando se acamparíamos ou não por alí, o valor era de 15 NZD por pessoa (DOC camping). O pedal da Flavinha havia quebrado, eu tinha atropelado meu celular e brigamos feio, ou seja, estava aquele “climão”. Foi então que parou um carro ao nosso lado, um rapaz abriu o vidro, olhou para nós por alguns segundos e perguntou em inglês com sotaque norte americano: “Hey! Vocês querem um frango assado!?”. Eu respondi: “É sério!?”. Mal podíamos acreditar. Havíamos gastado 40 NZD para consertar o pedal da Flavinha e teríamos ainda que pagar pelo camping, ou seja, havíamos explodido o orçamento e a janta seria arroz com mais nada. O rapaz saiu todo contente e além do frango assado ainda nos deu uma garrafa de suco, mal podíamos acreditar. Ele tinha um ar tranquilo, simpático e um alto astral que nos contagiou, tudo isso somado a uma barriga cheia de frango assado, tranformou totalmente nosso final de dia. Agradecemos ele de coração, conversamos e ele se foi. Fomos até a “caixinha da honestidade” do DOC camping e pagamos os 30 NZD (Old MacDonalds DOC camping, Lake Mapourika), apesar de todos os gastos e perrengues conseguimos dormir com bom humor e descansarmos para um novo dia. É incrível como as vezes surgem estas pessoas certas nos momentos mais oportunos.

A costa oeste da ilha sul neo-zelandesa é uma das áreas mais turísticas do país, seja por suas montanhas, lagos, rios cristalinos, belas praias, glaciares, trilhas, etc… Portanto placas proibindo acampamento livre (freedom camping) estão por todas as partes para lembrar-nos de procurar um lugar para acampar legalmente. A pequena cidade de Franz fica aos pés de um dos maiores e mais famosos glaciares do país, o Franz Glacier. É super turística e com preços salgados. Ficamos no camping mais barato possível e pagamos 17 NZD por pessoa. Chegamos no horário do almoço, o camping ainda estava vazio e conseguimos um lugar bom. Montamos a barraca, deixamos a bicicleta e partimos para fazer a trilha do Glaciar, já que o dia estava lindo e é longo no verão por aqui, assim ficando somente uma noite por lá.

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Franz Josef, Nova Zelândia (A Patagônia da Oceania?). Para nós a Nova Zelândia várias vezes se assemelhou a Patagônia Sul Americana, principalmente a porção Chilena e a Tierra del Fuego.
Conversei com um Chileno que viajava de camper van por aqui e ele achou a mesma coisa. Claro que estas regiões distintas tem suas particularidades, mas muitas vezes observamos paisagens que nos remeteram a Patagônia. A flora também se parece bastante, com muitas plantas em comum. As montanhas com picos nevados, os Glaciares, as áreas mais secas, as áreas úmidas com turbais, os rios com águas cristalinas, os lagos rodeados de montanhas e até o clima muitas vezes, com sua alternância abrupta e ventos fortes.
Esta foto por exemplo foi tirada próximo ao Glaciar de Franz Josef, mas se eu falasse que foi tirada na Carretera Austral, creio que muitos que passaram por lá acreditariam.

O Glaciar Franz Josef / Kā Roimata ou Hine Hukatere é um glaciar marítimo temperado de 12 km de comprimento localizado no Parque Nacional Tai Poutini de Westland, na costa oeste da Ilha Sul da Nova Zelândia. Juntamente com a geleira Fox, a 20 km ao sul, e uma terceira geleira, que desce dos Alpes do Sul a menos de 300 metros acima do nível do mar.
Fizemos nosso passeio até esta beleza neo-zelandesa vindos da pequenina cidade de Franz Josef, a custo zero. A trilha da cidade até a geleira tem cerca de 6 km e passamos por belas paisagens e em meio a natureza. O dia estava bonito e levamos uma tarde inteira para ir e voltar, gostamos bastante.

No caminho entre Fox Glacier e Haast encontramos duas cicloviajantes, elas viajavam sozinhas mas nos encontramos todos no topo de uma longa subida. Uma da Australia e a outra da Inglaterra, se divertindo desbravando a Nova Zelândia.

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Um é pouco, dois já está bom, três é demais… Sabe aquela preguiça de trocar raios? Eu tenho. Neste dia arrebentou 1, aí decidi continuar e escutei arrebentar outro, mesmo assim a preguiça estava grande e decidi não parar, mas na hora que arrebentou o terceiro não teve jeito.

Os terríveis “sand-flies”. A West Coast tem um cenário lindo e natureza incrível, mas tem um defeito, a presença destes “bichos” enviados diretamente do inferno para importunar os viajantes, principalmente durante os acampamentos. Eles são pequeninos e atacam em enxames, com uma picada doída que as vezes até sangra. Mas além deles encherem o saco, a picada demora um pouco para coçar e a vontade vem de madrugada, quando já estamos confortáveis em nossos sacos de dormir, haja malabarismo para coçar as canelas .

Acampamento gratuito!!! Finalmente, a primeira vez que acampamos de forma mais livre e gratuíta na Nova Zelândia chegou e adoramos. Próximo ao lago Paringa há uma fazenda se Salmões e continuando pela estradinha há uma área de Freedom Camping que aceita barracas. Mal podíamos acreditar quando vimos na plaquinha dizendo que poderia colocar barraca alí sem pagar, uma raridade na West Coast. Empurramos a bicicleta por uma pequena trilha para ficarmos o mais longe possível dos motor homes e camper vans, evitando a bagunça e barulheira de bateção de portas e aumentando nosso contato com a natureza. Foi ótimo, a Flavinha cozinhou um salmão que comprei na fazenda ao lado por um preço justo, colocamos a barraca em um cantinho bem aconchegante e ainda rolou aquele banho de rio (gelado) com águas cristalinas.

A mosquiteira nos salvando das terríveis “sand-flies” na West Coast da ilha sul Neo Zelandesa, durante nossas tardes de acampamento.

O solo cheio de vida das florestas na West Coast da ilha sul neo zelandesa.
O clima e a umidade do solo culminam com a formação de uma rica trama de plantas que vai atapetando tudo em várias camadas que se sobrepõe com o passar do tempo e o resultado final algumas vezes é esse do vídeo, é como caminhar sobre um colchão.

Sentido Haast passamos por belas paisagens costeiras, entre elas uma área de aspecto geológico pitoresco, Ship Creek, com uma colônia de focas elefantes tomando sol na praia lá embaixo.

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Holiday park é como são chamados os campings mais estruturados do país, normalmente com boa cozinha, banheiros e áreas de entretenimento. Na alta temporada estão bem movimentados e os preços giram entre 15 a 25 NZD por pessoa, o que é caro para nosso orçamento, mas as vezes não temos outra saída, como neste dia por exemplo, nas proximidades da cidade de Haast.

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Brasileiros na estrada.
A Nova Zelândia nos surpreendeu com um encontro inesperado na estrada. Pedalávamos tranquilos por uma estrada e vimos um cicloviajante se aproximando no sentido contrário, diminuímos o rítmo para comprimentá-lo e conversar e foi então que ouvímos ele nos chamar por nossos nomes. Neste momento conhecêmos pessoalmente o Antônio (@antoniocoutojr ), outro brasileiro que já estava há um bom tempo viajando também, com quem já conversávamos pela internet. Foi muito legal este encontro, trocamos várias dicas sobre o país e demos boas risadas. Bons ventos em suas novas empreitadas, grande abraço.

Após o vilarejo de Haast, fomos sentido o Passo de Haast e decidimos parar em um camping logo antes de atravessá-lo. No caminho fomos margeando o belo Haast River, praticamente todo cercado, dificultando a aproximação. Por sorte, encontramos uma falha na cerca e conseguimos ir até próximo a margem para fazer um picnic.

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Poucos quilômetros antes de chegarmos ao Pleasant Flat DOC Camping completamos 26000 km e tiramos uma foto junto com um simpático cicloviajante Belga que conhecemos neste dia.

Pleasant Flat DOC camping, New Zealand.
No nosso caminho antes do Haast Pass ficamos em um camping do Departamento de Conservação Neo Zealandes (DOC). O lugar era rodeado por muita natureza e as margens de um belo rio de águas cristalinas bem gelada (Rio Haast), no qual nos banhamos quando chegamos, o sol forte nos ajudou a enfrentar o frio das águas. O preço é de 8 NZD por pessoa e é depositado na “caixinha da honestidade”. O lugar tem banheiros limpos, água potável e uma área coberta em caso de mal tempo. Notamos alguns campista que utilizaram o lugar e saíram bem cedinho antes do fiscal chegar, para não pagarem. Ficamos um pouco tristes em ver isto, este tipo de lugar que aceita barracas está ficando cada vez mais raro na Nova Zelândia e a atitude de não pagar os DOC’s tem o risco de desestimular o governo em manter estes lugares.

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O casal de tchecos.
Era final de tarde e eu estava com aquela vontade de tomar uma cervejinha, mas além de ser caro comprar cervejinha por aqui é difícil carregar as garrafinhas.
Vimos uma moça passando pelos campistas e perguntando se alguém poderia trocar uma nota de 50 por menores para ela pagar o camping, nos lembramos de como foi difícil para nós trocarmos dinheiro uma vez que precisamos e prontamente a Flavinha gritou em inglês: “Nós trocamos pra você”. A moça veio toda feliz, conversou conosco, trocamos o dinheiro e ela se foi. Depois de alguns minutos ela voltou com seu namorado e mais duas garrafinhas de cerveja para nós de presente, adoramos claro. Foi então que conhecemos um simpático casal de tchecos que trabalham e viajam pela Nova Zelândia em sua Camper Van. Muito obrigado meus amigos! Nazdrave!!

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O cenário da Nova Zelândia enche os olhos e muitas vezes ficávamos admirados com as paisagens a nossa volta, principalmente na West Coast e região de Haast e Wanaka, na ilha sul do país.  Neste dia continuamos a caminho do Haast Pass e ao lado do Rio Haast, com belas paisagens ao redor.

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Mais um Schwalbe que não aguentou nossa pedalada bruta! Hehehe… Brincadeiras a parte, infelizmente apesar de toda a tecnologia e utilização por muitos cicloviajantes no mundo todo, não temos muita sorte com estes pneus. Já ouvimos relatos de outros cicloviajantes que também tiveram problemas com a parede lateral destes pneus. Este da foto é o modelo Mondial. Tive que jogar fora e colocar Marathon Plus que ganhamos de um amigo Francês. Ainda bem que o problema veio depois da longa subida do Haast Pass.

Boundary Creek DOC campground, Wanaka Lake, New Zealand.
Este foi mais um DOC camping incrível de bonito na Nova Zelândia, o valor foi de 8 NZD por pessoa. Este local de camping fica as margens do belo Lago Wanaka, com suas águas cristalinas rodeadas por montanhas com picos nevados. Muitas pessoas no país gostam dos campings mais estruturados, que chamam de Holiday Park, com direito a muitas facilidades, mas nenhum deles tem as paisagens e natureza que alguns DOC Camping pelo país possuem. Este tipo de camping é bem mais simples e muito mais barato que os Holiday Park, e sem sombra de dúvidas são nossos preferidos no país, já que acampar livre com barraca nos lugares mais bonitos é praticamente impossível, além de proibido na maioria das vezes.

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Família cicloviajante.
Era começo de tarde quando chegamos a um DOC camping às margens do lago Wanaka (Boundary Creek). Terminamos de montar nossa barraca e logo veio uma moça com seus filhos oferecer algumas maçãs, se tem uma coisa que nunca recusamos é comida e bebida. Aceitamos e agradecemos de coração, logo depois ganhamos mais alguns tomates de presente deles também. Conversa vai, conversa vem e descobrimos que eles são uma família de cicloviajantes Suiços e que estão por algum tempo viajando de carro pela Nova Zelândia enquanto a mãe se recupera de uma lesão no tornozelo. Eles contaram que estão morrendo de saudades de suas bicicletas e que viajar de carro não esta sendo a mesma coisa. Dentro de algumas semanas eles voltam para a Austrália para pegar as bicicletas e cair na estrada de novo com seus dois filhos. A América do Sul é o próximo destino desta simpática família de viajantes de bicicleta. “Que desfrutem amigos!”

No dia seguintes, desmontamos acampamento e seguimos sentido a cidade Wanaka, onde um amigo da Flavinha, lá da cidade natal dela e que no momento morava na Nova Zelândia, estava nos esperando. Neste percurso continuamos margeando o belo lago Wanaka e depois cruzamos para margear uma parte do também belo Lago Hawea.

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Viajar de bicicleta é para todas as idades.
Aqui na foto temos 30, 40 e mais de 60 anos. Sem dúvida viajar de bicicleta de bicicleta atravessa as fronteiras políticas e dos padrões sociais, sendo possível em todas as faixas etárias. Durante uma longa subida conhecemos este simpático senhor inglês, que avançava bem com pedaladas fortes e um sorrisão no rosto se encantando com as paisagens ao redor. Paramos para fazer um picnic juntos e conversamos bastante. Já fazia 1 mês aproximadamente que ele percorria o país de bicicleta e depois retornaria para a Inglaterra, já pensando em sua próxima viagem.

De Taubaté para o Mundo.
Esta cidado do interior de São Paulo é uma grande exportadora de viajantes pelo mundo, incluindo a Flavinha, que é de lá. Na cidade de Wanaka encontramos mais um amistoso e hospitaleiro casal que é de lá, o Furby (Everton) e a Débora. Eles emprestaram o quintal dele para espetarmos nossa barraquinha por alguns dias, assim conseguimos conhecer melhor a cidade e descansarmos. Passeamos bastante com eles, demos boas risadas, conversamos, comemos comidas e churrascos que prepararam e compartilhamos cervejinhas, adoramos. Muito obrigado pelo acolhimento meus amigos.

Gostamos bastante de Wanaka, é uma linda e estruturada cidade, com belos parques e situada ao lado do enorme e lindo Lake Wanaka, adornado com montanhas nevadas ao redor. Um cenário de encher os olhos de belezas.
A cidade é bem turísticas e os preços altos, como sempre mantivemos a rotina de frequentarmos os “restaurantes” que mais gostamos no país, o New World ou Countdown… (supermercados), hihihi.
A cidade é movimentada tanto no verão quanto no inverno, devido as muitas trilhas de montanha ao redor, atividades outdoor e ski (inverno). A lagoa em Wanaka é cheia de pássaros, principalmente patos que já estão super acostumados com turistas. Nos sentamos para fazer picnic e em poucos minutos já estávamos rodeados por vários patinhos. A Flavinha ficou amiga de alguns deles e deu até nomes para os “mais chegados” hehehe.

Furo no isolante inflável.
Compramos os isolantes inflávei no Vietnam, da marca Naturehike. O da Flavinha segue sem problemas, mas o meu todos os dias amanhecia murcho…e a cada dia piorava. Joguei água com sabão nele e logo pude perceber que haviam vários furinhos. Provavelmente algo estrutural, algum defeito mesmo, pois os vazamentos eram em áreas que não tocavam o chão. Tive que substituir por um novo e o mais barato que achei em Wanaka foi um da marca Coleman, por 50 NZD. Pensei em voltar para o bom e velho EVA dobrável, mas depois de 2 anos acordando com dores as vezes (eu durmo de lado) os infláveis são bem mais concortáveis para dormir.

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Apesar de tudo ser caro na Nova Zelândia, ainda existem alguns lugares que são verdadeiros paraísos da economia para os viajantes que gastam pouco. Na cidade de Wanaka, seguimos a dica sos nossos anfitriões e fomos conhecer um lugar que se chama “Wastebusters”.
Aqui as pessoas trazem suas coisas usadas de todos os tipos e a galera revende bem baratinho. Comprei um pneu e um par de pedais por 10 NZD. Os “second-hand shops” no país são uma salvação.

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“Kiwilliam” foi o mais novo integrante do guidão da nossa bicicleta na época, fazendo compania para os mais antigos “Tartaruga Marina” (Brasil) e “Camilo Abdul” (Marrocos).

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A questão “Self-Contained”. Self-contained se refere a veículos que possuam uma privada e uma pia para suportarem até 3 dias de uso. Na época deste post a grande maioria dos lugares onde era permitido acampar legalmente na Nova Zelândia sem pagar estavam destinados a estes veículos, os cicloviajantes e caminhantes andavam um pouco esquecidos por estes lados…ou não eram tão interessantes para o comércio turístico local??… Neste dia passamos por um Freedom Camping site somente para self-contained vehicles e aquilo ali ao fundo, aquela casinha é um banheiro bem arrumadinho…ou seja, a falta de banheiro não deveria ser um motivo para proibir barracas neste lugar. Bom, utilizamos o banheiro e seguimos viagem.

Para encontrar lugares de acampamento na Nova Zelândia a melhor maneira foi utilizar os aplicativos para smartphone. O que mais gostamos foi o Camper Mate. Depois de uma tarde pedalando em um sobe e desce entre algumas montanhas cheias flores selvagens e lavandas, encontramos um lugar onde era possível acampar com barraca antes do Passo de Lindiss (uma subidona que preferimos deixar para o dia seguinte). Normalmente os lugares de camping gratuíto são um pouco fora das rotas mais movimentadas e neste dia não foi diferente. Fizemos um desvio de uns 6 km , mas valeu a pena, o lugar era bem tranquilo com quase nenhum turista (apenas 3 camper vans a noite) e muita natureza ao redor com direito a banho de rio, do jeito que gostamos 😊. Lá havia um banheiro simples, mais do que suficiente para nós.

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Acordamos cedo e pedalamos sentido ao Lindis Pass. Após aquela canseira da subida veio a felicidade que será seguida de uma descida com 32km.

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Após o passo a paisagem foi ficando cada vez mais diferente da Costa oeste, a Costa Leste e porção central da Ilha Sul é mais seca, as paisagens ficaram com tom amarelado, continuando lindas claro. Naquela época do ano, verão, o risco de incêndio era alto, o ar durante o Verão fica mais seco e há áreas com bastante vento, uma bituca acesa nesta pastagem seca pode se transformar em uma queimada devastadora.

Ahuriri Bridge Freedom Campsite. Para nossa felicidade neste dia, logo depois da cidade de Omarama havia uma área de camping livre que aceitava barracas. Bonita paisagem ao redor, encontramos um lugar afastado das muitas camper vans barulhentas, tomamos um banho de rio e os banheiros estavam limpos… perfeito!

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Paradinha para picnic e filtrar água.
A água na Nova Zelândia na maioria dos lugares é segura para beber, mas depois de tantas caganeiras na Ásia Central ficamos traumatizados e até aqui filtramos a água, principalmente dos rios quando pegamos água pelo caminho. O filtro facilita a vida. No país sempre tem mesas de picnic próximo as estradas e nestas paradas aproveitamos para comer e filtrar água.

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Passamos por alguns rios aqui na Nova Zelândia que parecia que jogaram tinta azul na água, como este da foto: Lake Ruataniwha.

Lake Poaka Freedom Campsite.
Nossa maré de areas de camping livre para barracas estava boa e encontramos mais um lugar após a cidade de Twizel. As margens de uma lagoa cheia de aves (Lake Poaka) havia uma enorme área para acampar rodeada de muita natureza e mais uma vez conseguimos acampar longe da galera barulhenta e acordamos com os sons dos pássaros. Gostamos do lugar e como estávamos com estoque de comida, ficamos por dois dias. Nadamos no rio, descansamos, ficamos amigos dos patos e observamos muitas aves. O cenário ao redor com muitas montanhas também dava um charme especial à paisagem.

Novo método de deixar a louça limpinha durante os acampamentos livres, só tem que tomar cuidado com os dedos hehehehe.

O belo e azul Lake Pukaki. Uma pena não ser possível acampar com barraca de forma legal as suas margens, somente veículos self-contained podem, mesmo em áreas onde há banheiros. Mas pedalar ao redor dele com este visual já nos deixou bem felizes, acampar seria a cereja do bolo, mas não se pode ter tudo né hehehe…

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Uma estrada somente para nós.
Como não encontramos um lugar onde fosse permitido acampar com barraca ao redor do lago Pukaki, decidimos continuar sentido ao lago Tekapo e vimos que havia uma rota exclusiva para bicicletas e pedestres. É uma estrada que margeia um canal de águas azuladas (Tekapo Canal). Pedalamos por muitos quilômetros sem cruzar ninguém e de forma tranquila apesar do vento lateral e frontal.

Pattersons Ponds Campground. Estávamos cansados e chegamos próximos a uma área de camping onde havia uma placa dizendo que podia acampar com barraca por alí, mas não sabíamos que a placa era antiga hehehe. O lugar era lindo e já montamos nossa barraca e tomamos aquele banho de rio nas águas cristalinas e geladas. Trocamos se roupa e então chegou um Ranger. Muito educado ele se aproximou e explicou que aquele lugar era somente para veículos self-contained apesar de haver banheiro no local e não era permitido acampar com barracas alí, mas para nossa alegria ele disse que como estávamos de bicicleta ele iria deixar a gente acampar ali desde que não lavássemos nossa louça no rio (já não fazemos isso mesmo). Como ele era um cara simpático, aproveitei para conversar sobre esta questão de estar cada vez mais difícil encontrar um lugar de freedom camping para barracas no país, ele entendeu a dificuldade para os que viajam de bicicleta e a pé e nos indicou uma área para acamparmos no dia seguinte, da qual ele também era responsável e mesmo sendo outra área apenas para self-contained (mesmo com banheiros no local), ele nos deixaria acampar lá também, perfeito! Agradecemos, nos despedimos e ele se foi. Aproveitei para alinhar a roda traseira da bicicleta e eis que um dos campistas se aproxima e se oferece para me ajudar e ele era mecânico de bicicletas. Foi muita sorte neste dia.

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No dia seguindo conseguimos visualizar o belo Mount Cook / Aoraki no caminho, a montanha mais alta da Nova Zelândia, com 3,724 m de altitude.

Viajantes amigos.
Seguimos o conselho do Ranger do dia anterior e seguimos até a área de Freedom Camping que ele indicou, às margens do lago Opuha. Este não era dos lagos mais bonitos do país, mas as pessoas que conhecemos lá eram lindas. Quando chegamos havia um motor home e um “ônibus home” parados. Eles logo nos convidaram para um café e claro que aceitamos um cafézinho depois de um dia de pedaladas. Conhecemos então dois simpáticos e divertidos casais de neo-zelandeses, já aposentados e que viajam pelo país de maneira super animada e positiva. Muito obrigado amigos pelo café, bolo, conversa divertida e água fresquinha.

Passado o relevo montanhoso da porção central da ilha sul neo-zelandesa, chegou a hora daquela descida delícia que nos levará a uma grande planície na região de Christchurch.

Woodbury, New Zealand.
Encontramos uma área de camping que aceitava barraca e com preço em conta (5 NZD por pessoa, caixinha de doação). O local ficava depois da cidade de Geraldine em uma pequenina e tranquila cidade chamada Woodbury. Chegando lá o gramado era ótimo, os banheiros limpinhos, havia água e o melhor: nossos 4 novos amigos do dia anterior estavam lá. Montamos nossa barraquinha e passamos um final de tarde com eles fazendo churrasco e conversando bastante. Quando contamos nosso roteiro do dia seguinte, o Sr Nugget e Sra Kathy nos convidaram para ficar na casa deles em Ashburton, que estava a cerca de 60 km dalí, normalmente a quilometragem média que fazemos por aqui. Perfeito!

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Saindo de Woodbury decidimos seguir por estradinhas menores e rurais, alguns trechos nos lembraram a Pamir Highway.

Hospitalidade Neo-Zelandesa.
Na cidade de Ashburton fomos recebidos pelo simpático e divertido casal Nugget e Kathy, que conhecemos 2 dias antes em um lugar onde acampamos. Fomos recebidos com sorrisos, café, bolo, hospitalidade, boa conversa, cama confortável e banho quente. Eles ainda nos levaram para passear de carro nos arredores da cidade e nos contaram muitas coisas sobre a Nova Zelândia e suas vidas. Foi uma troca muito interessante de experiências. Muito obrigado pelo acolhimento.

Logo antes de Christchurch paramos na cidade de Lincoln e fomos hospedados por um simpático e hospitaleiro casal. A Beverley e o Ross nos receberam de maneira muito acolhedora e mesmo ficando apenas por uma noite lá foi muito bom e nos sentimos muito a vontade. A Beverley tem o espírito da viajante e fala com paixão e entusiasmo de suas viagens, o Ross é um cientista botânico bem humorado, que nos ensinou muito sobre o clima e peculiaridades do país. Quando entrei na casa e vi vários microscópios me lembrei de minha profissão com saudades ( Eu, Thiago, sou patologista). A Flavinha se encantou com um coelhão de estimação que eles tem por lá e se lembrou com saudades dos coelhos de estimação que tínhamos no Brasil.

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Pensamos que seria estressante entrar pedalando em Christchurch, afinal é a maior cidade da ilha sul da Nova Zelândia. Mas fomos surpreendidos por uma rede de ciclovias que deixou tudo tranquilo e fez nossa entrada em uma cidade grande se tornar um passeio onde pudemos aproveitar bastante o caminho.

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A tandem é brutal quando a corrente enrosca, ela abre com a facilidade de abrir uma cervejinha . Isto aconteceu já na periferia de Christchurch, paramos e em uns 15 minutos, trocamos o elo torto.

Pessoas queridas.
O que mais nos marca na nossa viagem são as pessoas que cruzam nossos caminhos, muitas delas muito queridas e das quais ficamos com saudades quando vamos embora (dizer tchau tantas vezes não é legal). Em Christchurch aconteceu novamente e fomos hospedados por um casal de brasileiros hospitaleiros, divertidos e gente boa demais, a Sheila e o André. Eles nos levaram para passear em praias e lugares que com certeza não iríamos de bicicleta e mesmo trabalhando muito chegavam super animados em casa e com alguma programação para o final do dia. Durante o dia descansamos, saímos para conhecer a cidade e fomos nos restaurantes que mais frequentamos na Nova Zelândia, os supermercados hehehehe. Ficamos alguns dias hospedados na casa deles e fomos embora em uma manhã quando eles já haviam saído cedinho pra trabalhar, quando olhamos para trás e fechamos o portão já bateu saudades destes dois.

Diferentemente de outras cidades grandes por onde passamos em nossa viagem, Christchurch tem um estilo bem tranquilo e pacato. É uma cidade fácil de se locomover a pé ou de bicicleta, com um trânsito sem aquele ritmo frenético. A cidade tem um centro antigo ainda em reconstrução devido ao último grande terremoto, apresenta bastante arte de rua e poucos prédios. Christchurch (maori: Ōtautahi) é a maior cidade da Ilha do Sul da Nova Zelândia e a sede da região de Canterbury. A área urbana de Christchurch fica na costa leste da Ilha do Sul, ao norte da Península de Banks. É o lar de 404 500 pessoas, o que a torna a terceira cidade mais populosa do país, atrás de Auckland e Wellington.
No dia 22 de fevereiro de 2011 um terremoto de 6,3 na Escala Richter atingiu a cidade, provocando 159 mortos e várias centenas de desaparecidos. No dia 13 de novembro de 2016 um terremoto de 7,8 na Escala Richter, com seu epicentro a 91km, atingiu a cidade. Mas ela tem sobrevivido e se reconstruído bravamente.

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Nós gostamos de tomar uma cervejinha gelada as vezes pra relaxar durante a viagem, mas  na Nova Zelândia fizemos isso menos pois é caro, mas de vez em quando, principalmente quando hospedados por amigos conseguimos comprar algumas para comemorar os bons momentos da viagem. Nossos amigos e anfitriões André e Sheila nos levaram de carro para passarmos a tarde em uma praia na qual provavelmente não iríamos de bicicleta (primeiro por que nem sabíamos que existia e segundo pois há um monte de morros a vencer até chegar lá). Taylors bay é frequentada predominantemente por locais e é uma bela praia escondida em uma baía rodeada por montanhas. Um brinde as belas paisagens neo-zelandesas e as novas amizades! Cheers!

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Christchurch apresenta uma rede de ciclovias muito boa, a cidade é toda pensada no que diz respeito a mobilidade urbana e adoramos isto 😊.

A nossa saída de Christchurch sentido norte foi tranquila e seguimos por ciclovias. As garrafinhas balançam mas não caem.

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A Nova Zelândia apresenta muitas áreas pensadas para os turistas, infraestruturalmente o que mais gostamos e utilizamos são as áreas de picnics e os banheiros públicos, os oásis dos cicloviajantes.

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Olhamos pelo GPS que haveria um Camping a cerca de 40 km de Christchurch, com preço mais amigável ( cerca de 5 NZD por pessoa) em uma praia chamada Amberley Beach. Fomos até lá e o lugar era bom para acampar, com bastante área verde para colocar barracas, banheiros limpos e ao lado de uma praia bem bonita, só não conseguimos aproveitar a praia porque o vento estava muito forte neste dia.

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Vimos muitos destes pássaros em vários lugares no país, em ambas as ilhas. Eles tem um canto diferente, bonito e que por vezes parece feito por algo eletrônico. Gostamos de acampar ouvindo eles cantando no final da tarde e começo das manhãs.
Felizmente estamos passando por aqui fora da temporada de ninhos deles, quando eles se tornam agressivos e podem atacar.
A pega australiana é uma ave passeriforme de tamanho médio em preto e branco, nativa da Austrália e do sul da Nova Guiné. Membros de dois grupos de subespécies, magpies com dorso negro e dorso branco, foram introduzidos na Nova Zelândia para controlar pragas em pastagens, mas se tornaram uma espécie invasora. Os pássaros podem ser agressivos e geralmente atacam seres humanos e ocasionalmente pássaros nativos. Os ciclistas também podem ser atacados, especialmente durante a época de nidificação do pássaro.

O acampamento animado.
Chegamos em uma área de acampamento próximo ao vilarejo de Greta Valley e para nossa surpresa estava rolando um encontro de uma turma de uma galera já na casa dos 60 anos, muito animados e com direito a música ao vivo. Acampar em um lugar onde vai haver um show de música pode não representar uma noite tranquila, mas decidimos entrar no clima e foi bem divertido. Haviam muitas pessoas por lá acampando, todos felizes e animados. Depois de uma ducha quente fomos curtir boa música rock e a festa continuou noite a dentro com todos dançando e curtindo outras músicas, lá pelas 22:30 várias pessoas estavam com luzes dançando e brincando enquanto uma banda tocava. Reparem bem nas fotos e vão ver um senhor barbudo fazendo malabares, já citamos ele anteriormente. Lembram dele?? O sono chegou e decidimos ir para a barraca. Para nossa surpresa lá pela meia noite e meia a música parou e ficou o maior silêncio por lá, tivemos uma noite bem tranquila. No outro dia pela manhã demos boas risadas na barraca lembrando as figuras que conhecemos neste lugar e suas performances durantes as músicas, tipo um mini Woodstock versão Kiwi… hehehe

A noite mais silenciosa da Nova Zelândia. Os campings durante a temporada na ilha sul da Nova Zelândia são bem cheios e até tumultuados as vezes, o que significa uma noite de sono barulhenta. Mas neste dia fomos surpreendidos. Chegamos a um micro vilarejo chamado Hawkeswood e o único lugar que encontramos para acampar foi em uma fazenda camping chamada Staging Post. O preço foi de 18 NZD por pessoa, caro para nosso orçamento. Havia piscina, boa cozinha, banheiros bons, mas isso não faz muita diferença para nós e quando podemos preferimos ficar em lugares mais econômicos. Mas não havia outra opção por perto e os donos foram tão simpáticos e gentis que decidimos ficar e no final das contas foi muito bom. Éramos os únicos hóspedes, pulamos na piscina, usamos a cozinha e tivemos a noite mais silenciosa e tranquila de todas… ouvindo apenas os sons da natureza, sem campervans ou motor homes batendo portas, sem sons de estradas, sem barulho de trem, sem pessoas… foi maravilhoso, estávamos sentindo muita falta de acampar desta maneira.

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Apesar do dia quente e ensolarado, as vezes as noites são frias e úmidas e as roupas que deixamos (esquecemos) secando no varal estão molhadas na manhã seguinte, mas se tem uma cerca e um sol forte pela manhã, este problema logo se resolve enquanto tomamos café antes de partir.

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Mesmo os trechos costeiros da Nova Zelândia podem ser montanhosos. Na última longa subida antes da cidade de Kaikoura, os nossos amigos Felippe e Mariana ( @pedaispelomundo ) passaram pela gente na estrada e ofereceram carona até lá, onde havíamos combinado de passar dois dias juntos. Aceitamos felizes da vida, hehehe. Obrigado amigos.

Reunião de amigos.
Na cidade de Kaikoura tivemos a felicidade de passarmos dois dias com nossos amigos Felippe e Mariana (@pedaispelomundo ). Esta foi a segunda vez que encontramos com eles na Nova Zelândia. Eles nos convidaram para acamparmos juntos e foi super divertido. No lugar havia uma área comum com cozinha super aconchegante. Preparamos comidas juntos, conversamos muito, rimos bastante, ouvimos o dono da propriedade tocar violão e discutimos futuros percursos de nossas viagens. . Adoramos reencontrar amigos e cicloviajantes pelos caminhos, com muitas coisas em comum, a conexão é muito boa.

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Kaikoura é uma pequena e bela cidade na costa oriental da Ilha Sul da Nova Zelândia, situada 180 km a norte de Christchurch. De acordo com o censo de 2001 a sua população residente era constituída por 2 104 pessoas. É também um dos locais mais acessíveis no mundo para a observação de aves de mar aberto como os albatrozes. Gostamos da cidade, ela tem uma paisagem costeira muito bonita, uma trilha legal de fazer em sua península e apresenta boa infra-estrutura. Valeu a pena conhecer e passear por lá.

Uma bela trilha.
A península de Kaikoura apresenta uma trilha que percorre sua área costeira. Fomos com nossos amigos Felippe e Mariana (@pedaispelomundo ) e ficamos encantados com a natureza, fauna e flora. A água do mar tem um tom azulado e em combinação com o relevo rochoso de um passado vulcânico, formam uma combinação perfeita. Quando estamos no dia de descanso do pedal, algumas vezes costumamos fazer caminhadas ou trilhas, assim trabalhamos uma musculatura diferente em nossas pernas também.

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Uma foto que representa bem a Nova Zelândia, uma bela praia ao fundo e uma campervan. A pintura da van retrata o Kokako, pássaro nativo, atualmente presente apenas na ilha norte.

Saímos da cidade de Kaikoura e continuamos sentido norte pelas estradas litorâneas, apesar to tráfego um pouco mais intenso, foi tranquilo pedalar por lá e as belas paisagens de praias ao lado deixavam tudo mais gostoso. Nesta região tem bastante vida marinha e algumas vezes vimos colônias de focas e leões marinhos.

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Paradas para apreciar a vida marinha.
Nas praias da região noroeste da ilha sul neo zelandesa há muita vida marinha tomando sol, principalmente nas áreas mais rochosas. Era bem divertido parar para tomar um cafezinho ou descansar e ficar observando as colônias de focas pegando um bronzeado e tirando uma soneca.

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O lugar no mundo em que mais vimos a galera viajando de fat-bike foi na Nova Zelândia. Tiramos esta foto próximos a praia de Okiwi, na costa noroeste da ilha sul. Um casal de holandeses estava viajando com estas belezuras, bem robustas e equipadas.

Okiwi bay freedom campsite. A rodovia 1 , que segue pelo litoral leste da ilha sul, apresentava muitas áreas em reconstrução devido aos terremotos anteriores e por isso algumas áreas antigas de camping livre não existem mais. Esta área descobrimos usando o nosso gps (Osmand) e como ela não estava nos aplicativos que a maioria das pessoas utilizam para encontrar estes lugares, no final da tarde estávamos apenas nós e mais umas 3 ou 4 campervans. Conseguimos um lugar bem tranquilo para colocarmos nossa barraca e nossas redes para relaxarmos.

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A caminho da ponta norte da Ilha Sul, seguimos por boa parte do tempo margeando praias de águas azuladas (Clarence, costa nordeste da ilha Sul, Nova Zelândia)

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Religião na Nova Zelândia. De acordo com o censo da Nova Zelândia em 2013, 47,65% dos neozelandeses são cristãos; 12,6% são católicos, 11,8% são anglicanos, 8,5% são presbiterianos e 7,3% pertencem a alguma outra denominação do cristianismo. 41,9% registraram que não se identificam com uma religião e 6,32% pertencem a alguma outra religião, como o Islã, o Hinduísmo ou o Judaísmo.
Muitos britânicos que se estabeleceram na Nova Zelândia no século 19 chegaram com a intenção de estabelecer missões cristãs. Eles queriam converter os britânicos sem lei que chegaram da colônia penal australiana, bem como os tribais maori. Como a cultura maori é politeísta, aceitou com facilidade um novo Deus para se misturar com suas práticas, resultando em quase todos os maori adotando alguns princípios ou entendimentos cristãos. Isso fazia parte de um esquema de missão maior em todo o Oceano Pacífico; portanto, a maioria das ilhas do Pacífico na Nova Zelândia que migraram das ilhas vizinhas também são crentes muito fortes na fé cristã.

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Nosso outro pneu Schwalbe Mondial começou a rasgar próximo ao aro e chegou a hora de fazer mais um remendo “bonito”. Calibramos ele de acordo com as especificações do fabricante, mas mesmo assim em alguns deles temos este tipo de problema.

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Lake Elterwater Freedom Campsite.
Chegamos a tarde em uma área de camping livre que havíamos visto no aplicativo de celular. Lá haviam banheiros e conseguimos uma área gramada para colocar nossa barraca. No final da tarde chegou uma ranger, muito educadamente, ela nos explicou que não era mais permitido acampar com barraca por alí. Contamos que seguimos o aplicativo e que estava tarde para irmos procurar outro lugar e que haviam banheiros. Ela nos deixou ficar mas explicou que não querem mais barracas pois o local é muito próximo da rodovia e pode ser perigoso. E assim os lugares para acampamento livre com barracas no país vão ficando mais raros com o passar dos anos.

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Vinhos neo zelandeses.
Não somos muito entendidos no assunto, mas alguns dias tomamos vinhos kiwis e gostamos bastante, além dos preços, mesmo os vinhos mais baratos tem boa qualidade.
Sentido a cidade de Blenheim passamos por alguns vales e colinas cheias de parreiras e vinículas, esta região da ilha sul apresenta grande produção vinícula.

Hospitalidade brasileira.
A comunidade brasileira na Nova Zelândia é numerosa. Alguns vêm trabalhar por um tempo, outros estudar e já conhecemos alguns com residência morando há anos no país. Fomos ajudados e hospedados por muitos durante nossa viagem no país, é uma comunidade acolhedora e hospitaleira.
Não tínhamos conseguido um lugar para ficar na cidade de Blenheim, até que através das mídias sociais fomos contactados pelo Alexandre, que entrou em contato com outra brasileira, a Sandra, que se propôs a nos ajudar.
Chegamos em Blenheim e fomos acolhidos por esta galera. A Sandra e seu Marido, Johnny (Colombiano) deixaram a gente ficar 3 noites em um trailer estacionado em seu quintal. Além disso papeamos bastante, tomamos umas cervejinhas e passeamos pela cidade com eles. A conexão com as pessoas é que faz a nossa viagem especial. Muito obrigado pelo acolhimento e solidariedade.

A cidade de Blenheim é pequenina, mas como ficamos 3 dias por lá descansando e matando um pouco de tempo antes de irmos a Picton pegarmos nosso ferry-boat para a ilha norte, aproveitamos para dar umas voltas e conhecermos um pequeno museu local.

O caminho até a cidade de Picton foi curto e relativamente plano, chegamos na cidade  um dia antes de nosso ferry para a ilha norte. A única opção foi ficarmos em um Holiday Park, cujo preço para nosso orçamento é salgado (20 nzd por pessoa), o lugar estava bem cheio pois a cidade tem bastante movimento de turistas devido ao ferry boat.

Picton é uma pequena e charmosa cidade praiana na ponta norte da ilha sul e abriga um dos portos mais importantes da Nova Zelândia, fazendo uma das principais conexões entre as ilhas sul e norte através de Ferry-boats. Aproveitamos a tarde anterior ao ferry para dar uma volta no centrinho da cidade.

 

O ferry boat entre as ilhas sul e norte. Na cidade de Picton pegamos um ferry boat que conecta as duas ilhas neo-zelandesas. Fizemos a reserva alguns dias antes pela internet e pagamos 120 NZD para os dois incluindo a bicicleta. O trajeto leva cerca de 2 horas e meia e é feito em uma embarcação super confortável e que passa por belas paisagens pelo Estreito de Cook.
A bicicleta não vai junto com os carros, levamos ela até a parte mais baixa da embarcação, onde os trens deixam alguns vagões com containers, achamos muito legal, é cheio de trilhos o compartimento de carga mais baixo do ferry boat. Amarramos ela em uma das paredes e subimos para o compartimento de passageiros para curtir a viagem. O tempo estava um pouco chuvoso, mas mesmo assim achamos tudo muito bonito.

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E assim nos despedimos da ilha sul da Nova Zelândia, com belas florestas, enfeitadas já pela coloração de Outono que se aproximava, recobrindo as encostas do estreito de Cook. A ilha sul sem sombra de dúvidas apresenta uma natureza e paisagens muito lindas, um clima mais adverso e regiões menos habitadas. Do outro lado do estreito a ilha norte nos esperava cheia de aventuras e nos surpreenderia, não esperávamos que as ilhas fossem tão diferentes entre si em vários aspectos, mas este trecho ficará para o próximo post.

Parte 2 , Ilha Norte ->

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