Montenegro é um país pequeno e mesmo pedalando cerca de 170 km apenas, quase o percorremos todo do interior ao litoral, mas depois da capital Podgorica decidimos ir sentido Albânia antes de chegarmos a região costeira.
O país apresenta relevo bem montanhoso, então por muitos trechos percorremos regiões de vales e cânions para escaparmos um pouco das longas subidas. As paisagens são muito bonitas, mas achamos as estradas principais horríveis para pedalar, não pela qualidade do asfalto ou terreno, mas pela maneira agressiva como dirigem por lá. Os motoristas passavam muito próximos e muitas vezes em altas velocidades, o que nos deixou desconfortáveis nas vias maiores. Sempre que possível buscávamos vias menores, mas nem sempre era possível.
Voltamos a usar o Euro e nossa primeira parada foi na cidade de Bijelo Polje, onde avistamos uma área gramada ao lado de um posto de gasolina, na qual nos deixaram acampar. Não somos muito fãns de acampar em postos de gasolina, apesar de fazer isso várias vezes, pois normalmente durante a noite há muito barulho, principalmente de grandes caminhos. Como a área gramada não era tão colada ao posto, conseguimos ficar em um lugar mais silencioso e nossa noite de sono foi tranquila.
No dia seguinte vimos pelo GPS que havia um parque natural no nosso caminho. Aproveitamos o wifi do posto de gasolina para dar uma pesquisada e parecia ser um dos parques ecológicos mais antigos de toda a europa, muito bonito, preservado e com uma bela lagoa em cima de uma montanha. Além disso havia uma área para acampar. Como gostamos de visitar parques nacionais, mesmo com a subida que iríamos enfrentar para chegar lá, decidimos ir conhecer e passar uma noite.
Depois de pedalarmos a manhã toda, enfrentamos uma subida bem inclinada a tarde para chegarmos neste parque nacional, Biogradska Jezero, mas valeu a pena, o lugar era muito bonito e com um lago muito bonito em meio a montanhas e a floresta. Esta é uma das 3 últimas florestas virgens da Europa. A noite é possível ouvir muitos animais ao redor e até ver alguns, como raposas e esquilos.
A entrada no parque e acampamento são pagas, mas não é caro, não há luz elétrica e há alguns banheiros, porém sem ducha. A noite fomos escovar os dentes e fazer um xixi e enquanto eu estava no toalete, escutei a Flavinha gritando do lado de fora, primeiro: “Ahhhh, um rato” e então segundos depois: “Olha, que fofinho, é um esquilinho”. Neste momento o esquilo entrou por baixo da porta do banheiro correndo até parar no meio das minhas pernas e olhar pra cima. Neste momento ele saltou na minhas pernas e começou a subir pelo meu corpo enquanto eu gritava e me debatia com as calças abaixadas, uma cena ridícula, hehehehe. Consegui subir as calças, abrir a porta do banheiro, ele subiu pelas minhas costas e pulou pelo topo da cabeça em um poste do lado de fora. A Flavinha e outros turistas que se assustaram com os gritos me olhavam com cara de risada do lado de fora, hehehe. Eu tomei o maior susto com medo do esquilo atacar o meu “pipi”, mas depois foi a maior risada também.
No outro dia cedo, desmontamos acampamento e seguimos por uma rodovia estreita e muito movimentada (E65), o que nos deixou um pouco estressados, até a cidade de Kolashin, quando finalmente conseguimos escapar para uma estrada secundária mais tranquila para pedalar e com raros carros passando. A estrada era em uma região mais montanhosa e com vários trechos de terra, mas achamos bem mais tranquilo viajar de bicicleta por lá. As vezes passavam alguns caminhões gigantescos com vários chineses, que estavam trabalhando na construção de uma Highway, mas nos ultrapassavam bem devagar e dizendo “hello”.
Já cansados das subidas no final do dia, passamos em um pequeno vilarejo chamado Verusha, onde encontramos um lugar para acampar próximo a um campo de futebol e por lá ficamos até o próximo dia.
Veio então uma longa e esperada descida de 20 km até a capital Podgorica. Não conseguimos ganhar muita velocidade, pois as curvas eram muito fechadas e descemos freiando o tempo todo, mas o visual das montanhas era muito bonito.
Não conseguimos nenhum warmshowers ou couchsurfing e decidimos acampar em um posto de gasolina com área de camping, a cerca de 8 km do centro da cidade. O preço não era caro, o banheiro era limpinho e a ducha bem quente. Ficamos por 2 noites lá, o suficiente para conhecermos a cidade. O camping ficava ao lado do rio Moracha, com uma bela paisagem. Conhecemos dois ciclo viajantes holandeses muito simpáticos, a Renée e o Mateus. Eles nos contaram de suas viagens e nos convidaram para jantar com eles, deixaram especial nossa estadia neste “tipo camping”.
A capital de Montenegro é pequena e tem poucos atrativos comparada as capitais dos países vizinhos, mas por ser pequena pudemos passear com mais calma e prestar atenção a alguns detalhes que dão um charme ao lugar. Voltando a pé para o camping passamos por ruínas de uma antiga cidade romana por exemplo.
Dos lugares que visitamos na pequena capital de Montenegro, a catedral Ortodoxa foi um dos que consideramos mais bonitos. Quando chegamos a igreja, achamos o prédio bonito pelo lado de fora, mas quando entramos nos surpreendemos pela beleza de detalhes e de todos os afrescos que ornamentam suas paredes. Uma obra de arte.
Desconfortáveis em pedalar nas estradas do país, decidimos antecipar nossa entrada na Albânia, e da capital logo fomos sentido sul para o lago de Skadarsko, onde atravessamos uma fronteira pequena e mais tranquila. Achamos Montenegro um país com relevo montanhoso de belas paisagens, mas que apresenta um transito um pouco agressivo para cicloviajar.
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