Sudeste Asiático de bicicleta. Trecho 4 – Tailândia, primeira parte. Povo alegre, culinária saborosa, belas praias e boa infra-estrutura. Sawadee kaaaaa! . (For other languages, please use the browser or internet translator)

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Entramos duas vezes na Tailândia, quando saímos do Laos sentido Camboja e depois vindos do Cambodia e indo sentido sul para a Malasia. Vamos agrupar os dois trechos em 2 posts seguidos para ficar mais fácil a organização do Blog.

Foi o país pelo qual mais pedalamos no sudeste asiático e um dos que mais gostamos devido a boa infraestrutura, povo sorridente, praias bonitas e culinária boa, apesar de apimentada demais para nosso paladar. Não sabíamos muito sobre o país, mas pesquisamos algumas coisas antes de entrarmos neste novo território. Por exemplo que o regime é monárquico e este assunto é delicado para conversar com os locais, qualquer brincadeira ou crítica ao rei é cabível de punição, então nem pensar em falar muito sobre isso com os tailandeses ou debater o assunto em mídias sociais, principalmente enquanto estivéssemos por lá. Outra coisa importante é que as comidas costumam ser bem apimentadas, então uma boa é aprender a falar “pouca pimenta” (mai pêt).

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Os dois trechos percorridos somaram cerca de 1600 km. O primeira trecho entre o Laos e Camboja foi de cerca de 350 km. E entramos no país na fronteira entre Savannakhet e Mukdahan, através da “Seconda Thai-Lao Friendship Bridge”, mas o que não sabíamos é que não é permitido o trânsito de bicicletas e pedestres sobre a ponte.

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“Não pode bicicleta na ponte”. Com esta frase fomos surpreendidos depois de passar a aduana do Laos sentido Tailândia, antes de cruzarmos uma das Pontes de Amizade entre os dois países. Esta ponte ficava na cidade de Savannakhet, nosso último lugar de pernoite no Laos. A ponte cruza o rio Mekong e chega a cidade de Mukdahan na Tailândia. Como já havíamos estampado a saída do Laos nos nossos passaportes, ficamos quase 1 hora alí tentando resolver a situação, pois bicicletas e pedestres não podem trafegar pela ponte. Há um ônibus que faz este pequeno trajeto e que a princípio não queria levar a bicicleta por ser muito grande, mas depois que dividimos o quadro em 2 partes e retiramos as bagagens, o motorista percebeu que ela ficava compacta e aceitou colocá-la no porta malas. Benditos acopladores de quadro. Pagamos cerca de 2 dolares por pessoa e a travessia de ônibus levou uns 5 minutos. Chegamos na Tailândia, remontamos a bike e seguimos para cruzar a aduana do país. Mostramos nosso certificado internacional de vacinação da Febre Amarela e como brasileiros não precisam de visto para a Tailândia por 90 dias, rapidamente cruzamos a fronteira.

Esta nossa passagem pela fronteira nordeste da Tailândia foi curta. Entramos pela  cidade de Mukdahan, onde ficamos apenas uma noite, demos uma volta rápida, trocamos o dinheiro do Laos (Kip) pelo tailandês (Baht), tomamos uns cafés gelados e programamos nosso percurso sentido sul para cruzar a fronteira com o Camboja em direção a Siem Reap depois de cerca de 1 semana. Sentimos uma grande mudança ao cruzar a fronteira, achamos a Tailândia mais desenvolvida infra-estruturalmente do que os países vizinhos, trocamos os espelhos retrovisores de lado pois no país a mão de direção é inglesa. O primeiro dia de pedal no país foi um pouco confuso, mas acabamos nos adaptando rápido a mão inglesa, apenas prestando mais atenção com os reflexos acostumados a mão direita, as estradas na Tailândia tem boa qualidade, mesmo as menores. Tivemos também nosso primeiro contato com outro sistema político na região, uma vez que é uma monarquia constitucional e há fotos do rei por todos os lados.

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A Tailândia também é predominantemente budista, então os templos continuam presentes em muitas cidades e vilarejos. Achamos os templos Tailandeses maiores e mais adornados. (Ban Non Song Yae village area, Thailand).

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Na Tailândia, os moteis são as hospedagens mais baratas e fáceis de encontrar nas estradas. Assim como no Brasil, os moteis no sudeste asiático é onde a galera vai para “namorar”, hehehe. Temos um sono pesado, mas quando percebemos que o lugar é meio barulhento, colocamos nossos tampões de ouvido e o barulho do ventilador ajuda a dar uma abafada também. Os lugares são simples, mas costumam estar limpos. Os preços giram em torno de 8 a 10 dólares por noite. (Ban Non Sang Yae village)

Simpatia Tailandesa.
O povo tailandês é simpático e sorridente. Nas redondezas da cidade de Suwwanaphum paramos em um motel para passarmos a noite. As funcionárias acharam nossa bicicleta muito interessante e pediram para tirar uma foto com ela. Elas ficaram alegres com a foto. No quarto havia um banheiro enorme que estava pedindo para virar cozinha de cicloviajantes, hehehe. Flavinha colocou até uma mesinha lá para cozinhar. Costumamos cozinhar no banheiro pois é mais fácil de limpar, faz menos barulho pra fora da quarto, o cheiro de comida não fica por todos os lados e se normalmente não há detectores de fumaça nos banheiros.

Ficamos curiosos quando encontramos  um lugar chamado Ban TaKlang, a aldeia dos Elefantes no GPS. O desvio na nossa rota sentido Camboja seria pequeno até lá. Então decidimos ir lá conferir se haviam elefantes naquela região mesmo. Vimos elefantes, vários, mas esperávamos algo mais do tipo um santuário, o que na verdade o lugar não é. Os animais tem aparência saudável, mas não vivem de maneira livre, tem seus donos e são treinados para atender ao mercado do turismo.

O vilarejo dos elefantes e o exercício do “não julgar”. Algo que fizemos cada vez mais em nossa viagem foi tentar observar mais e entender as coisas em nossa volta sob o contexto, história e cultura do lugar onde estávamos, antes de julgarmos sob o nosso ponto de vista, que é previamente programado pelo lugar no mundo de onde viemos. É um exercício difícil algumas vezes.
Antes de chegarmos ao Vilarejo histórico de Ban Ta Klang, fomos ler a história do lugar e do povo que ali habita, além de alguns comentários de pessoas que passaram por alí. Titubiamos em ir pois percebemos que tratava-se na verdade de uma vila centenária, onde a etnia que vive ali (população Kuy) durante séculos se especializou em treinar e adestrar elefantes. Sabemos que este adestramento e treinamente é feito as custas de sofrimento dos animais jovens até que aprendam e não compartilhamos da ideia de que isto seja algo normal e que deve permanecer acontecendo. Porém, ao mesmo tempo tem todo um contexto histórico local para que as coisas sejam assim por ali, associado a cultura de um povo e claro, a força de um comércio turístico que retroalimenta e mantém este ciclo. Decidimos ir ver com nossos próprios olhos, aprender a história local no museu que há alí e tentamos nos despir o máximo de nossos preconceitos e pré-julgamentos antes de chegarmos no vilarejo.
O lugar é interessante, há muitos elefantes e todos eles com aparência saudável, muitos vivendo nas casas dos seus criadores e sendo cuidados como um animal de estimação. O museu é pequeno mas conta melhor a história desta etnia que se concentra nesta área, os Kuy, e que adestram elefantes a séculos, a princípio para trabalhos nos campos e até para guerra, mas atualmente para shows turísticos.
Não quisemos assistir o show que os elefantes fazem para os turistas. Vimos alguns dos elefantes presos com correntes aos pés para não fugirem. Não vimos nenhum elefante ser golpeado ou algo do tipo, mas sabemos que adestrar e amansar um animal tão forte requer dor quando são filhotes.
Valeu como experiência histórico cultural, é difícil não julgar, sentimos pelos elefantes, animais lindos e não recomendamos que turistas compareçam a nenhum show com elefantes ou continuem subindo nos animais.

Queríamos dormir no quarto em forma de elefante, mas estava muito caro… hehehe, então ficamos em um quarto mais simples e aproveitamos para cozinhar no banheiro novamente.

Próximos a cidade de Surin, depois de cruzarmos algumas pequenas  estradas rurais com alguns búfalos tomando banhos de lama por perto, fomos parados na estrada pelos simpáticos irmãos Li. Além de fotos e bate papo, fomos presenteados com algumas guloseimas para café da manhã e uma garrafa de mel.

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Ficamos apenas 1 noite hospedados em um pequeno hotel na cidade de Surin, não visitamos muitas coisas, apenas o supermercado, passamos ao lado de alguns templos e descansamos.

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Fronteira Tailândia – Camboja.
Preferímos sempre chegar o mais perto de uma fronteira, mas deixar para cruzá-la no outro dia cedo, com calma. Cruzar fronteiras depois de um dia de pedal, no final da tarde e cansados não é com a gente. Ainda mais porque as vezes a parte burocrática é demorada e tem o câmbio do dinheiro também. Logo antes de entrar no Camboja, paramos no vilarejo fronteiriço Tailandês de Chong Chom. Encontramos um “cafofinho” na estrada por cerca de 9 USD e por alí ficamos, o Camboja começou no dia seguinte. [ Post sobre o Camboja ]

Esta primeira passagem pelo país foi rápida e deixou aquele gostinho de “quero mais”. Vistamos a Tailândia novamente depois que saímos do Camboja e então ficamos um bom tempo por lá, visitamos belas praias, pedalamos muito e conhecemos muita gente boa e divertida, mas esta continuação ficará para o próximo post. Sawadee kaaaa!!

Segunda parte do trecho pela Tailândia ->

 

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